sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

um pouco da pesquisa de campo

... quero escrever um pouquinho aqui sobre o início das vivências concretas da pesquisa que estou desenvolvendo... Em pleno início de dezembro desenvolvi a pesquisa de campo inicial. Estive nos locais que os adolescentes estão apreendidos... Fiz pesquisa documental. Primeira experiência de estudar documentos! E posso dizer sem receio: gostei! Tinha muito preconceito com isso, mas foi bem interessante ver a materialização de questões que me preocupam em documentos. Os documentos despertam entrelinhas. Os documentos mostram caminhos. A viagem foi tranquila, mas peguei chuva na estrada. Não encontrei nenhum plantão policial. Fui por outros caminhos e deu para entender um pouco mais das rotas existentes no Paraná. Em Toledo, uma cidadezinha bonita, levantei algumas situações de meninos e meninas exploradas pelo tráfico. Em Foz do Iguaçu a coisa é realmente complexa. Lá há muitos casos e fiquei supreendida com a realidade. Confesso que esperava menos, e ao ler os documentos, vi que questão que estou estudando é fenomeno muito mais complexo do que imaginava. Em Cascavel, novas situações... Em Londrina, surpresa: quase nenhuma situação de apreensão de adolescentes por estarem transportando entorpecentes. No mais, estou sistematizando os dados e, é claro, que não apresentarei aqui, pois trata-se de uma tesa científica... não é assunto secundário para ser exposto aqui no blog. O que posso dizer é que fiquei muito preocupada com a situação de meninos e meninas que são explorados pelo tráfico de drogas. Meninos e meninas que estão em situação de risco extrema. Meninos e meninas que são vistos pelo sistema de justiça como traficantes. Meninos e meninas que são meninos e meninas com uma particularidade: possuem a coragem de arriscar. Foi essa a impressão que tive ao ler os documentos. Me pareceu que os meninos e meninas estão o tempo todo cientes de que a qualquer momento poderão ser apreendidos e,por por conseguinte, perderem as cargas de seus "patrões"... Meninos e meninas, que mesmo com coragem, sabem que correm risco sempre. Ao ler os documentos tive sensações fortes... Senti o medo deles e delas. Bom, isso pode ser exagero de minha parte, mas senti. Senti, talvez um pouco do que seria a sensação de ser adolescente e de carregar muito mais que uma mala cheia de drogas, carregar o peso do mundo nas costas.

2 comentários:

Claudia disse...

Andrea, que texto bacana este seu!
Uau, quando vamos à campo parece que nossa lente ganha aumento, não é?
Torço muito para que suas sábias percepções críticas possam ser lidas e compartilhadas por muitos...
Grande beijo!
Prabéns pelo seu trabalho!!!!

Andréa Rocha disse...

Claudinha, legal saber que passou por aqui... estou realmente bem animada com tese! Obrigada pela força!!! beijos!!!