quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

vida que tenho é a vida que tenho que pensar

...esta semana animei por conta da mudança. Pensei, como ensina Fernando Pessoa: "a vida que a gente tem é a que tem que pensar". Tenho a minha vida e ela é unica. A minha vida existe, é real, esta em movimento. Por isso, pés no chão! Tenho que pensar minha vida com base na realidade. Olhando para o que vivo e nada mais. Financiar o apartamento trouxe crises e mais crises. Medos. Mas hoje vejo que "a vida que tenho é a que tenho que pensar". Poder financiar uma apartamento foi algo que a vida que tenho me possibilitou. Agora, resolvi investir energia nisso. Matutei... Matutei... Tentei encontrar alternativas para mudar de apartamento dando uma cara nova para meu habitat. Para quem não sabe (na verdade escrevo este blog para mim mesma, afinal de contas, quem vai ter interesse em ficar lendo sobre um cotidiano comum... aqui cabe uma menção ao filme "Julie e Julia", que me fez pensar muito no "papel" do blog, afinal de contas, um blog só é lido quando traz um tema, debates ou desafios... e este meu, coitada de mim... só falo de minhas angustias particulares! desinteressante para o mundo, mas enfim, foi uma forma que encontrei para expressar!)... voltanto ao apartamento: financiei um apartamento no mesmo prédio que moro, mais que isso, no mesmo andar... ou seja, se não der uma cara nova, ficará muito sem graça... Então me debrucei em modelos de móveis, etc... e tive uma idéia: improvisação! Para o escritório, comprei madeiras de pinus (floresta renovável) para fazer prateleiras... pedi para fazerem dois cavaletes e comprei uma porta.` Pintei tudo, com patina, uma trabalho do cão e o que virou: uma porta sobre dois cavaletes, escrinavinha grande, como sempre desejei; madeiras brutas de pinho, prateleiras. Com isso, darei uma cara nova para o local de trabalho. Afinal de contas, escreverei uma tese debruçada naquela mesa. Vi também várias dicas para uso e abuso das chitas e das cores. Fiz almofadas, puffs, capa de sofa, cortina... tudo muito colorido. O velho se fez novo, pois já tinha as chitas (para enfeitar minhas festas)... meti a tesoura, peguei um colchão velho, cortei em partes menores e mandei bala. Colocarei pequenas almofadas no chão e possibilitarei um novo olhar... A minha casa esta de pernas pro alto. Uma bagunça só... tinta, madeira, maquina de costura na sala e muito pano espalhado. Quando olho penso: porque fui inventar esta moda. Mas logo vejo que preciso de invenções de moda para viver. Preciso de metas e desafios. A grande meta da minha vida, o doutorado, ficou um pouco de lado esta semana. Mas, para o doutorado andar, preciso de qualidade de vida. O financiamento do apartamento, que estranhamente, trouxe sensações doloridas, é agora algo que valorizo. Pensar em mudar é algo bom. Será quase tudo igual, mas casa nova: energia nova. Onde moro vivi ótimos momentos, mas também sofri bastante. Onde irei morar viverei ótimos momentos, mas também sofrerei. A vida é formada por momentos: ótimos e sofriveis... bons e ruins... alegres e tristes...e muito, muitos, muitos momentos sem graça. E é assim! É assim com todo mundo. E, estou repetindo para mim mesma todos os dias "a vida que tenho é a vida que tenho que pensar"...

abaixo, o poema completo:

Tenho tanto sentimento
Que é frequente persuadir-me
De que sou sentimental,
Mas reconheço, ao medir-me,
Que tudo isso é pensamento,
Que não senti afinal.

Temos, todos que vivemos,
Uma vida que é vivida
E outra vida que é pensada,
E a única vida que temos
É essa que é dividida
Entre a verdadeira e a errada
Qual porém é verdadeira
E qual errada, ninguém
Nos saberá explicar;
E vivemos de maneira
Que a vida que a gente tem
É a que tem que pensar.

(Fernando Pessoa)

Nenhum comentário: