domingo, 10 de janeiro de 2010

E quando um “doce vampiro” suga a energia vital?


“Venha me beijar, meu doce vampiro. Oh, oh, na luz do luar. Venha sugar o calor, de dentro do meu sangue vermelho. Tão vivo, tão eterno veneno. Que mata sua sede. Que me bebe quente como um licor. Brindando à morte e fazendo amor. Me acostumei com você, sempre reclamando da vida. Me ferindo, me curando a ferida. Mas nada disso importa. Vou abrir a porta pra você entrar. Beijar minha boca, até me matar... de amor!”, Rita Lee, canta com maior clima de romance... O que pode significar o sague, além de energia vital? Quando falamos: dei meu sangue! Estamos dizendo: fiz de tudo, entreguei tudo... E vampiros, o que são? Uma explicação rasa de internet, diz que vampiro é um ente mitológico que se alimenta de sangue humano, não pode sair a luz do sol, pode desaparecer numa névoa e possuí um poder de sedução muito forte. Então eu me pergunto, a música da Rita Lee seria apenas a expressão de uma relação sado-masoquista? Não... A meu ver é muito mais que isso... Amar um vampiro é muito mais masô, que sadô... Ser um vampiro é muito mais sadô, que masô. Um dia, há muito tempo atrás (a ênfase que se dá ao "muito tempo atrás" decorre de um tempo que não depende do relógio, mas da dialética!), ouvi esta música e me identifiquei plenamente, então saquei: eu amo um vampiro. Chorei, quis entender mais... Quis saber o porquê de amar alguém que só sugava... E, pior que isso, sentia prazer em amá-lo, sentia prazer na dor. Havia me acostumado com aquele homem me maltratando, reclamando da vida, me ferindo e me curando as feridas causadas por ele mesmo. Causadas por mim, por permitir que ele as causasse. Como essa vivência poderia não importar ao ponto de deixar a porta aberta para ele entrar? Como brindar a morte e, ao mesmo tempo, fazer amor? Entrei numa batalha ferrenha para me proteger do Vampiro... Chorei tudo, xinguei tudo... Fiz besteiras imensas, quase insanas! E, me perdoem as feministas Patrícia Galvão (Comunista), Simone de Beauvoir (Existencialista), Emma Goldman (Anarquista), pois, fui ler livrozinhos idiotas de auto-ajuda... E me perdoem mais uma vez, mas eles fizeram sentido . Os livrozinhos idiotas mostraram o padrão masculino/femino e responderam algumas de minhas perguntas, na busca particular de saber o que me prendia a um Vampiro (acho que isso é o mais triste dessa história: livrozinho de auto-ajuda fazer sentido é muito fim de carreira!). Agora o livro que mais me levanta como mulher, aproveito e indico para todas as mulheres e homens que queiram respeitar mulheres: “Mulheres que correm com os Lobos” de Clarissa Pinkola Estés (uma younguina muito boa... ), este sim vale a pena! Lá ela não trata do Drácula, mas fala bastante do Barba Azul, que a meu ver, tem o mesmo sentido arquétipo... Sinto que não sou a única mulher que passou pela experiência de amar um vampiro... Se você descobriu que ama um vampiro, preste atenção em algumas questões. Só conseguimos nos proteger dos vampiros depois de muito esforço para o resgate da energia sugada. Retomar a criatividade perdida e a percepção sobre si mesma, não é tarefa fácil. E, se derrepente você vê o vampiro com outra mulher, fica triste e pensa: “parece que ele esta entregue, esta assumindo um relacionamento, tudo indica que agora ele não esta sugando”. Parece que o homem está assumindo muito mais a posição de São Francisco de Assis que de Drácula, essa percepção traz aquele vazio de volta, o vazio que o Vampiro deixava e preenchia quando bem queria. Bate aquela dor profunda e a pergunta atormenta a mente: porque ele só me sugou? Esqueça disso! Nada de dor por conta de um vampiro do passado. Eu falo isso para mim mesma todos os dias. Se ele suga ou troca com outra mulher, não importa. O que importa é a relação que estabeleceu com você e você com ele...(uma notazinha para não me acusarem de maniqueísta: também existem mulheres Vampiras, homens tomem cuidado!!!!!) Preste atenção: se o cara foi um Vampiro contigo, continuará sendo (talvez seja Vampiro com as outras também, afinal de contas, os Vampiros são imortais)... Nada de deixarmos morcegos circulando nossa vida. Nada de permitirmos que Vampiros antigos tirem uma gotazinha de sangue. Nada de abrirmos para que novos Vampiros suguem nossa alma. Por isso, andemos com crucifixo, alho e estacas na bolsa, pois os Vampiros não são doces, mas nosso sangue sim!

Um comentário:

Unknown disse...

To gostando do que está escrevendo! legal esse lance de quem quiser, e tiver tempo, vai ler.

beijos Andrea